quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Descoberto primeiro planeta de outra galáxia

por FILOMENA NAVESHoje
Descoberto primeiro planeta de outra galáxia
Planeta orbita estrela de uma galáxia anã, que foi engolida pela Via Láctea.
Desde que o primeiro planeta extra-solar foi descoberto em 1995 pelo suíço Michel Mayor, várias equipas de astrónomos, incluindo de Portugal, já conseguiram identificar quase 500 destes novos mundos, todos eles nativos da nossa própria galáxia. Agora, astrónomos europeus descobriram pela primeira vez um mundo que é mesmo do outro mundo.
Trata-se de um planeta extra-solar que também é extra-galáctico. Embora o HIP 13044b, como foi designado, esteja dentro da Via Láctea, ele é oriundo de uma outra galáxia que há mais de seis mil milhões de anos foi engolida pela nossa. A descoberta é publicada hoje na revista Science.
"É uma descoberta fantástica", disse Rainer Klement, do Instituto Max Planck, que teve a ideia de estudar aquela região da Via Láctea. "Pela primeira vez, detectámos um sistema planetário numa corrente estelar de origem extra-galáctica", notou o investigador. "Devido às grandes distâncias envolvidas", explicou ainda, "não há detecções confirmadas de planetas noutras galáxias, mas esta fusão cósmica [a absorção da galáxia anã pela Via Láctea] trouxe um planeta extra-galáctico até ao nosso alcance".
A estrela que foi observada pela equipa, a HIP 13044, está a dois mil anos-luz da Terra, na constelação de Fornax. O planeta que a orbita, e que agora foi descoberto, é apenas 1,25 vezes maior do que Júpiter, o maior planeta do sistema solar.
Uma particularidade desta descoberta é que ela foi feita no âmbito de um estudo que pretende encontrar exoplanetas na órbita de estrelas já próximas do final da sua vida. É exactamente esse o caso da HIP 13044, que já passou pela fase de gigante vermelha, em que a estrela se expande, depois de ter esgotado o combustível de hidrogénio do seu núcleo. Ao expandirem-se, as gigantes vermelhas engolem os planetas mais próximos na sua órbita, o que significa que o planeta agora identificado não estava ao alcance dessa voragem. Ele é aliás um dos raros planetas conhecidos sobreviventes de um processo deste tipo, o que o torna duplamente interessante.
Nesta altura, a estrela entrou já num outro patamar do seu fim de vida: já se contraiu e está agora a queimar o hélio que lhe resta dentro do núcleo.
Para detectar o planeta, os astrónomos contabilizaram as ínfimas oscilações na luz da estrela, produzidas pela passagem do planeta na sua frente. Isso exigiu medições de grande precisão, que só se tornaram possíveis graças à utilização de um espectrógrafo de alta definição, que está instalado num dos telescópios do European Southern Observatory (ESO), em La Silla, no deserto de Atacama, no Chile.
O estudo preliminar mostra que ele é um gigante gasoso, como a maioria dos descobertos até hoje.

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