quarta-feira, 17 de março de 2010

Primeiro exoplaneta "normal" é descoberto por satélite com participação brasileira


Da Redação*

ESO/Divulgação Concepção artística do exoplaneta Corot-9b, do tamanho de Júpiter, em frente a estrela similar ao Sol, na constelação Serpens Cauda, distante cerca de 1.500 anos-luz da Terra

Cientistas anunciaram a descoberta de um exoplaneta com características similares às dos planetas do Sistema Solar, chamado de CoRot-9b. O planeta, que está fora de nosso Sistema Solar, está bem próximo de uma estrela como o Sol, na constelação Serpens Cauda, distante cerca de 1.500 anos-luz da Terra. O planeta foi visto pelo satélite CoRoT, que é uma parceria internacional com participação de laboratórios franceses e de mais seis países europeus e do Brasil.

De acordo com o professor Sylvio Ferraz-Mello, do Departamento de Astronomia do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da USP, os cálculos realizados até o momento apontam que a temperatura do CoRot-9b varia de 20 graus negativos a 150 graus positivos. “Nessas temperaturas pode até existir água no estado líquido”, avalia o pesquisador, que integra a equipe de mais de 60 cientistas que atuam no satélite.

"Ele é o primeiro exoplaneta cujas propriedades podem ser profundamente estudadas", diz Claire Moutou, outro pesquisador do grupo. CoRot-9b é do tamanho de Júpiter (que possui cerca de 300 vezes a massa da Terra) e tem a órbita parecida com a de Mercúrio.

Ferraz-Melo conta que as observações tiveram início em 2008. “Na verdade, o CoRot9-b foi descoberto há cerca de dois anos, mas somente agora é que ele foi anunciado”, conta.

As informações sobre a temperatura e a forma do novo exoplaneta foram obtidas por medidas espectrográficas feitas a partir de um observatório no Chile. O trabalho no IAG, de acordo com o professor, envolve duas frentes de estudos: o tratamento das observações feitas no Chile, que permite obter medidas espectrográficas que determinam a massa do planeta, por exemplo, e o estudo dos fenômenos das marés nos planetas, que afetam sua rotação.

“O CoRot-9b não é completamente esférico. Ele é levemente ovalado”, observa o cientista, destacando que o planeta que acaba de ser anunciado demonstra um grande potencial para futuros estudos de suas características físicas e atmosféricas.

O satélite CoRoT identificou o planeta após 150 dias de observações durante o verão de 2008. Os parâmetros do planeta foram verificados no ano passado com o IAC-80 telescópio no Observatório do Teide, em Tenerife, e com outros telescópios, enquanto que as observações com o instrumento HARPS (High Accuracy Radial velocity Planet Searcher) no telescópio de 3,6 metros do ESO no Chile, medido a sua massa, e confirmou estabelecido que Corot-9b é de fato um exoplaneta.

O satélite CoRoT é um projeto internacional que envolve pesquisadores da França, Áustria, Bélgica, Brasil, Alemanha e Espanha. O Observatório Europeu Austral tem a participação de 14 países: Alemanha, Áustria, Bélgica, Dinamarca, Espanha, Finlândia, França, Holanda, Itália, Portugal, Reino Unido, República Checa, Suécia e Suíça. O anúncio da descoberta acaba de ser publicado na Revista Nature.

* Com informações da Agência USP e do Observatório Europeu do Hemisfério Sul (ESO)

* do UOL Ciência

terça-feira, 2 de março de 2010

Radar da Nasa descobre gelo no polo norte da Lua

Em Washington

Um radar norte-americano lançado em um foguete indiano detectou crateras cheias de gelo no polo norte da Lua, indicaram cientistas da Nasa.

O radar Mini-SAR da agência espacial norte-americana indicou mais de 40 pequenas crateras de 1,6 a 15 quilômetros, todas cheias de gelo.

"Embora o total de gelo dependa de sua espessura em cada cratera, estima-se que poderá haver pelo menos 600 milhões de toneladas métricas de água congelada", indicou a Nasa em um comunicado.

A descoberta ocorre poucas semanas depois de o presidente Barack Obama ter frustrado as ambições dos Estados Unidos de retornarem com astronautas à Lua.

A descoberta "mostra que a Lua é um destino mais interessante e atraente no aspecto científico, operacional e de exploração do que as pessoas pensavam anteriormente", indicou Paul Spudis, principal pesquisador do experimento Mini-SAR no Lunar and Planetary Institute de Houston, Texas (sul).

O Mini-SAR passou o último ano mapeando as crateras lunares que estão permanentemente na sombra e que não são visíveis da Teerra, usando as propriedades de polarização das ondas de rádio.

As descobertas do radar, que serão divulgadas no jornal Geophysical Research Letters, seguem as descobertas de outros instrumentos da Nasa e se somam às informações científicas sobre as diversas formas de água encontradas na Lua.

O Moon Mineralogy Mapper da Nasa, também a bordo do satélite indiano Chandrayaan-1, descobriu moléculas de água nos pólos da Lua, enquanto que o Lunar Crater Observation and Sensing Satellite (LCross) da Nasa detectou vapor de água.

Os cientistas indianos da missão Chandrayaan-1 -um satélite lançado em outubro de 2008 que deve orbitar dois anos ao redor da Lua- confirmaram as descobertas norte-americanas, após a análise das ondas luminosas captadas pelos instrumentos norte-americanos.



* do UOL Ciência